Introdução
A ansiedade social, que também é conhecida como fobia social, é uma perturbação mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A condição caracteriza-se por um medo intenso e persistente de ser avaliado negativamente em situações sociais. Isto pode dificultar a participação em atividades diárias, tais como conversar com colegas de trabalho, participar em reuniões ou até mesmo sair de casa. Assim, apesar de ser uma condição comum, muitas pessoas não a reconhecem como um problema sério, e acreditam que se trata apenas de timidez.
Neste artigo, vamos explorar as causas da ansiedade social, os seus principais sintomas e algumas das estratégias mais eficazes para lidar com esta perturbação.
O que causa a ansiedade social?
A ansiedade social é uma condição complexa que pode resultar de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos.
Ademais, a investigação científica sugere que a predisposição pode ser hereditária. É mais comum em pessoas com familiares que sofrem de distúrbios de ansiedade. Além disso, fatores neurobiológicos, como desequilíbrios nos neurotransmissores, especialmente a serotonina, podem influenciar o desenvolvimento da ansiedade social.
Por outro lado, as experiências de vida também desempenham um papel importante. A ansiedade social também pode ter origem em traumas na infância, como o bullying, a humilhação em público ou a rejeição. Assim, as crianças que cresceram em ambientes onde foram criticadas ou onde as interações sociais eram limitadas podem desenvolver um medo de serem julgadas ou de cometer erros em situações sociais. Desta forma, este medo pode persistir até à vida adulta, e manifestar-se como uma ansiedade social incapacitante.
Além disso, o perfeccionismo e a tendência para pensamentos negativos também são fatores psicológicos que contribuem para a ansiedade social. As pessoas com ansiedade social têm uma tendência a sobrevalorizar os erros que podem cometer em situações sociais, e, consequentemente acreditam que esses erros vão resultar em julgamentos severos por parte dos outros. Este ciclo de pensamentos negativos reforça o medo de interações sociais, levando a um comportamento de evitamento.
Sintomas de ansiedade social
Os sintomas de ansiedade social podem ser tanto físicos como emocionais, e podem variar em intensidade dependendo da gravidade da condição. No entanto, ser observado ou julgado negativamente em situações sociais é um sintoma central que gera medo avassalador. Por consequência, este medo leva muitas pessoas a evitar ou a fugir de situações que envolvam interações sociais, como falar em público, conhecer pessoas novas ou até mesmo frequentar eventos sociais.
Com o tempo, este comportamento de evitamento pode levar ao isolamento social, o que agrava ainda mais a ansiedade e pode resultar em sentimentos de solidão e depressão. Portanto, a ansiedade social não afeta apenas a vida social, mas também a vida profissional e académica. Assim, as pessoas que sofrem desta perturbação podem evitar oportunidades de crescimento. Por exemplo, falar em reuniões ou aceitar promoções pode causar medo de elas serem expostas a situações desconfortáveis.
Sintomas físicos da ansiedade social
Por outro lado, entre os sintomas físicos mais comuns estão o aumento da frequência cardíaca, o suor excessivo, tremores, rubor facial e tensão muscular. Além disso, estes sintomas físicos podem surgir antes, durante ou mesmo após uma interação social, e podem ser tão intensos que causam um desconforto extremo.
Contudo, a antecipação de uma situação social pode provocar uma ansiedade que interfere com a capacidade de concentração e até com o sono.
Sintomas emocionais da ansiedade social
Em termos emocionais, a patologia manifesta-se através de um medo persistente de humilhação ou embaraço. Assim, as pessoas com ansiedade social têm uma perceção distorcida da realidade, e acreditam que os outros estão constantemente a julgá-las de uma forma negativa. Além disso, este medo aparece frequentemente acompanhado de uma autoconsciência exagerada. A sensação de inaptidão pode surgir com cada ação meticulosamente analisada e criticada.
Estratégias para superar a ansiedade social
Embora a ansiedade social possa ser debilitante, existem várias estratégias eficazes para gerir e reduzir os seus sintomas. Uma das abordagens mais comuns é sobretudo a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que se foca em identificar e mudar padrões de pensamento negativos e comportamentos que contribuem para a ansiedade. Durante a TCC, os pacientes aprendem a desafiar os seus pensamentos irracionais sobre julgamentos e a substituir esses pensamentos por crenças mais realistas. Outra técnica utilizada na TCC é a exposição gradual a situações sociais temidas
Por conseguinte, o terapeuta ajuda o paciente a criar uma lista de situações que provocam ansiedade, e a ordená-las de acordo com o nível de desconforto.
Assim, encoraja-se o paciente a enfrentar essas situações gradualmente. Começa-se com as menos desafiadoras e avança-se para as mais difíceis. Além disso, esta exposição controlada permite que o paciente desenvolva confiança e reduza o medo associado às interações sociais.
Meditação e medicação
Além da TCC, a prática de meditação provou ser uma ferramenta eficaz na gestão da ansiedade social. A meditação e a mindfulness ensinam a pessoa a focar-se no momento presente, sem julgamento, e a aceitar os pensamentos e emoções sem tentar controlá-los ou evitá-los. Desta forma, esta abordagem pode ajudar a reduzir a autoconsciência exagerada e o medo de avaliação negativa.
A medicação também pode ser recomendada em casos de ansiedade social grave, particularmente se os sintomas interferem significativamente na vida diária. Antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), são frequentemente prescritos para ajudar a regular os neurotransmissores e reduzir a ansiedade. No entanto, a medicação deve ser vista como uma parte de um plano de tratamento mais amplo, que inclui a psicoterapia e mudanças no estilo de vida.
Por fim, adotar hábitos saudáveis pode ter um impacto positivo na gestão da ansiedade social. Por outro lado, a prática regular de exercício físico ou do yoga reduz os níveis de ansiedade, uma vez que promove a produção de endorfinas e melhora a sensação de bem-estar geral. Dormir bem e manter uma alimentação equilibrada também são fatores essenciais para o equilíbrio emocional e mental.
Conclusão
A ansiedade social é uma perturbação mental séria que pode ter um impacto profundo na vida de quem sofre com ela, e desta forma afetar tanto o bem-estar emocional quanto a capacidade de interagir em situações sociais. No entanto, é importante reconhecer que esta condição é tratável e que existem muitas estratégias eficazes para a ultrapassar. Através da combinação de terapias, técnicas de gestão do stress e mudanças no estilo de vida, é possível reduzir os sintomas e reconquistar a confiança nas interações sociais.
Procurar ajuda é o primeiro passo para gerir a ansiedade social de forma eficaz. Além disso, ao compreender melhor os sintomas e causas desta perturbação, bem como as opções de tratamento disponíveis, permite melhorar a qualidade de vida. Por último, com apoio e determinação, é possível superar o medo das interações sociais e viver de forma mais plena e conectada.
Licenciada em Microbiologia (Londres) e em Psicologia (Lisboa). Frequenta o mestrado em Psicologia na Universidade de Lisboa. É yogaterapeuta, instrutora e formador nos cursos de yoga do IPYM.